Posted by : Fundação Gibiverso


Crítica por Pedro Mendes


O Homem de Aço (2013) é um filme que carrega consigo uma enorme responsabilidade: reapresentar uma versão mais moderna e “realista” do personagem após o falho Superman Returns (2006), além de iniciar a longa caminhada da DC Comics nos cinemas rumo a um universo integrado, onde os icônicos heróis da editora poderão coexistir.

A escolha de Zack Snyder como diretor, considerada uma aposta de risco após o fracasso comercial de Sucker Punch (2011) e a recepção negativa da sua versão cinematográfica da cultuada grapich-novel Watchmen, no filme homônimo de 2009, se prova bem sucedida, e a parceria com Christopher Nolan (produtor) e David S. Goyer (roteirista) entrega um filme com méritos, mas muitas falhas.

O filme já começa surpreendente, mostrando o planeta natal do herói, Krypton, com uma profundidade nunca antes vista, rapidamente nos deixando a par da sua fauna, flora, tecnologia, política e estrutura social. Este último item, inclusive, é essencial no desenrolar da história. Após um prólogo agitado, temos um enorme salto temporal e já vemos Clark Kent (Henry Cavill) na sua fase adulta, realizando uma proeza inexplicável que chama atenção de uma repórter, Lois Lane (Amy Adams). Após o ato heróico de Clark, tem inicio o primeiro flashback do filme, deixando claro que foi este o recurso escolhido para contar os primeiros anos de Clark, algo semelhante ao que foi feito em Batman Begins (também roteirizado por Goyer); provando-se o grande trunfo e diferencial do filme, pois permite uma exploração muito mais profunda do desenvolvimento de Clark, seus conflitos e suas motivações, ao mesmo tempo em que avança com a trama passada no tempo presente, dando ao filme um ritmo interessante.

É também nesta primeira parte do filme que seus muitos pontos positivos melhor aparecem, como a excelente e imersiva trilha sonora de Hans Zimmer, a fotografia segura e em extrema sintonia com o tom apresentado no filme, e claro, as atuações do elenco. Os interpretes infanto-juvenis de Clark estão ótimos em cena, e Henry Cavill consegue convencer que foi aquele menino que carregou um enorme fardo nas costas, ao mesmo tempo em que desenvolve na versão adulta de Clark uma personalidade mais serena e sedutora, com a qual o público pode facilmente sentir empatia, afastando-se do caricato recurso do Clark bobo e Super-Homem majestoso, presente nos filmes anteriores do herói. Uma bem vinda modificação de um dos elementos clássicos da mitologia do personagem, como a cueca por cima da calça e a kryptonita, igualmente ausentes nessa nova versão cinematográfica.

Outro aspecto que torna o filme interessante é a forma como determinados personagens reagem à revelação da existência de um ser alienígena vivendo entre nós, evidenciando o prometido “realismo”, que oferece ao público uma série de visões diferenciadas, desde os civis e militares até um religioso, o que deixa ainda mais claro a intenção do roteiro de associar o Super-Homem a Jesus Cristo (na Bíblia, Cristo aparece quando bebê e depois só torna a aparecer com 33 anos, assim como Clark no filme).

Os coadjuvantes de luxo estão, em sua maioria, ótimos, com destaque para Kevin Costner (Jonathan Kent), Diane Lane (Martha Kent) e Michael Shannon (General Zod), que mesmo com o roteiro priorizando completamente o personagem de Clark, conseguem estabelecer seus personagens de forma segura. Infelizmente, o roteiro não ajuda os demais atores a desenvolverem seus personagens de forma adequada, especialmente Lois Lane, cujo papel no filme acaba evidenciando várias falhas do longa, como as situações forçadas e o humor deslocado.

O clímax do filme, que se inicia com a chegada do vilão Zod na Terra, é uma grande sequência de cenas de ação praticamente ininterruptas, que mesmo sendo empolgantes, acabam por tornar o ato final do filme um tanto cansativo, pois são poucos os momentos que temos para respirar.

O desfecho da batalha entre o Super-Homem e Zod pode deixar alguns fãs revoltados, mas o desfecho do filme em si é satisfatório, pois além dos easter-eggs espalhados ao longo do filme, o caminho para onde a franquia seguirá é explícito, e os fãs podem respirar aliviados. Apesar dos tropeços, o filme é um importante primeiro passo rumo à concretização do sonho de muitos fãs da DC Comics: um Universo DC integrado nos cinemas, culminando no (agora um pouco mais provável) filme da Liga da Justiça.

PS: Infelizmente, o 3D não acrescenta muita coisa, como é tendência dos filmes que são convertidos para o formato na pós-produção.

NOTA: 7.5


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